segunda-feira, 14 de maio de 2012

Reis de Espanha não comemoram Bodas de Ouro



Completam esta segunda-feira 50 anos de casados, mas não vão fazer qualquer celebração. Num momento em que enfrentam a maior contestação popular desde a restauração da monarquia, os reis de Espanha já não mantêm sequer as comemorações oficiais.





O motivo apontado pela Casa Real quando anunciou que os reis não iriam celebrar oficialmente as suas bodas de ouro não convenceu: porque calhava numa ponte. O mesmo não sucedeu em 1987, quando o rei Juan Carlos I e Sofia da Grécia cumpriram 25 anos de vida em comum: organizaram um jantar familiar e deixaram-se fotografar juntos nos jardins da Zarzuela.

Mas, este ano, com a família real rodeada de escândalos e a popularidade da monarquia a cair em picado, os reis não estão para celebrações.

A recente polémica em torno à dispendiosa viagem do monarca ao Botswana para caçar elefantes numa altura em que a generalidade dos espanhóis aperta o cinto, contribuiu para lançar a instituição no pior momento da sua história. Para além da falta de oportunidade da viagem (que obrigou Juan Carlos a pedir desculpa, pela primeira vez, aos espanhóis), multiplicaram-se também os rumores sobre as supostas infidelidades do rei. Com a vida privada do monarca a saltar novamente para as páginas dos jornais, a renúncia às celebração dos 50 anos de matrimónio não fez mais do que contribuir para a especulação.

Por outro lado, a situação que vivem os duques de Palma impede a habitual toma de fotos de família. O genro do rei, acusado de apropriação indevida de fundos públicos, tenta agora chegar a um acordo com a justiça, admitindo declarar-se culpado e devolver parte do dinheiro para evitar a cadeia. O caso ameaça cada vez mais o próprio Juan Carlos, uma vez que o sócio de Iñaki Urdangarín do Instituto Nóos, Diego Torres, assegura estar na posse de 200 e-mails que comprometem o rei e a infanta Cristina no escândalo de corrupção.

Num momento em que Espanha atravessa a maior crise económica das últimas décadas e em que se multiplicam os cortes em áreas como a saúde e a educação, a manutenção do orçamento destinado à Casa Real levantou também numerosas críticas. Embora a instituição esteja a reagir tornando mais transparentes as suas contas, a contestação popular à monarquia espanhola promete continuar.




in JN online, 14-5-2012

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