Nos últimos dias, uma pergunta assalta a população da aldeia de Sortes, junto a Bragança: como é que a uma cobra entrou na rede pública e deixou uma família três dias sem água?
Ninguém encontrou ainda a resposta para a presença do animal nas tubagens e apesar de as entidades oficiais tentarem tranquilizar a população, muitos habitantes garantem que tão depressa não bebem água da torneira.
Maria e José Santos estavam sem água em casa há três dias quando, no sábado, o piquete dos serviços municipalizados da Câmara de Bragança se deslocou à aldeia para tentar resolver o problema.
"Começaram por desmontar o contador e nada. Foram depois abrir lá em baixo e lá estava então a cobra enroscadinha no tubo que dá saída (da água) para aqui", contou à Lusa José Santos.
"Um bicho daquela maneira" deixou impressionado José, que tenta dar a ideia da grandeza da cobra com os braços, enquanto fala.
Segundo disse, "estava lá, entalada no tubo".
"A mãe d"água fica lá em cima, no alto, e aos trambolhões pelo tubo fora, como é que ele se veria, não é?", questiona-se José.
Agora, a família já tem água em casa, mas não bebe da torneira. Vai comprar água engarrafada a Bragança.
"Enquanto me lembrar a cobra, não bebo daquela água", assegura Maria, que ficou "com agoiro" por causa do bicho.
A justificação que José encontra para a entrada do animal é a de que "a mãe d"água está cheia de buracos e entra por lá toda a tralha".
No café da aldeia, mesmo ao lado, Eurico Esteves lembra que até foi ele que ajudou o "senhor das Câmara a abrir o buraco".
"Ao ver aquele bicho lá dentro, até me arrepiei", contou, garantindo que jamais imaginou que "acontecesse uma coisa destas".
Eurico também é da opinião de que "o depósito não está isolado como deve ser".
Ficará durante uns tempos "com receio de beber a água da rede", assim como o conterrâneo Fernando
Parente, que vai "à fonte, desde que soube" do sucedido.
"Dá um bocado de nojo", observou.
Como é que a cobra entrou e andou "mais de um quilómetro no tubo" é a pergunta que se faz, vezes sem conta, o presidente da junta, Juvêncio Carvalho.
Da parte que lhe toca, pouco mais pode fazer: já deu conhecimento à Câmara, que enviou ao local técnicos, foi feita recolha de amostras da água para análises e vai ser afixado um edital com informação à população.
O presidente assegura, no entanto que quem for ao depósito "vai ver que está tudo fechado, tudo com grades".
As infraestruturas, nomeadamente os tubos, foram substituídas há poucos anos e "os [funcionários] das águas andam sempre" por ali a fazer vigilância.
"Foi uma surpresa", reiterou.
O autarca não viu a cobra, mas, se a visse, reconhece que "também ficava apavorado".
Apesar do acontecimento, garante que vai continuar a "beber a água da torneira tranquilamente".
"Só se daqui para a frente alguém ficar doente", brincou.
in JN online, 16-7-2013
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